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PEQUENA FLOR
Como pequena flor que recebeu uma chuva enorme
e se esforça por sustentar o oscilante cristal das gotas
na seda frágil e preservar o perfume que aí dorme,
e vê passarem as leves borboletas livremente,
e ouve cantarem os pássaros acordados sem angústia,
e o sol claro do dia as claras estátuas beijando sente,
e espera que se desprenda o excessivo, húmido orvalho pousado,
trémulo, e sabe que talvez o vento
a libertasse, porém a desprenderia do galho,
e nesse temor e esperança aguarda o mistério transida[Cecília Meireles, 2006]
– assim repleto de acasos e todo coberto de lágrimas
há um coração nas lânguidas tardes que envolvem a vida.
foto, de ai.valhamedeus; escolha do poema, de Ana Paula Menezes.
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