Para não esquecer...

CAVALOS DE VENTO


Guardo alguma consideração por António Arnaut. As razões não são muitas, mas basta-me o facto de ter sido um dos principais mentores do Serviço Nacional de Saúde (SNS) do qual, por via do nosso alheamento e da sua transformação em negócio, pouco resta. Fiquei estupefacto por lhe terem devolvido – de Évora – os seus ‘Cavalos de Vento’ que, à semelhança dos castelos de areia, seriam um precioso recurso para retirar um detido da prisão. Pelo menos este artifício, cifrado numa linguagem que só Babel encerra, não teve o efeito pretendido: fazer de Pinto dos Santos 
(nome que indispõe o detido, dizem)
um leitor atento ao rumo dos cavalos e ao sopro do vento. O que me indignou – e pouco entendo de leis – 
(assunto em que Arnaut é especialista)
foi mesmo o desencanto experimentado com o ‘Regulamento Prisional’ que, segundo o causídico, ‘ofende os direitos de cidadania do detido’. O tempo, esse grande ‘engenheiro’ 
(não só dos domingos)
encarregou-se de devolver o seu a seu dono! Arnaut devia saber que o regulamento, com o qual não se conforma, foi gizado 
(e assinado, enquanto primeiro-ministro) 
– para os outros – pelo próprio detido! Nessa altura, teria apreciado ver Arnaut, ofendido com tal disposição, bater-se – até ao esgotamento mediático – pela revogação de disposições que possam ofender os direitos dos detidos, qualquer um! Aí, sim, além da consideração que mantenho, por via do SNS, acresceria outra, que só viria em reforço da primeira.  Quando se fazem leis, seria de elevado engenho ponderar se um dia, mesmo remoto, não estaremos sujeitos a experimentar os seus efeitos. Arnaut devia estar agradecido por ter de volta os seus ‘Cavalos de vento’, com um acréscimo de publicidade, sabendo também que o estatuto de sábios, concedido aos anciãos gregos de antigamente, está muito delapidado nos tempos que correm.

escrito por Jerónimo Costa

1 comentário(s). Ler/reagir:

Anónimo disse...

Loja 44
Antigamente arranjava-se um esquema para a PIDE apreender os livros.
Este mação (natural de Penela das Maçâs) manda ele próprio os livros para a cadeia para fazer publicidade daquilo que ninguém está interessado em comprar