Para não esquecer...

hoje é sábado 301. NÃO COMPREENDEM NADA


Entrei no barbeiro e disse
Sossegado:
“Tenha a bondade, penteie-me as orelhas”.
O amável baeta logo ficou picado,
Esticou a cara até às sobrancelhas.
“Maluco!
Palhaço!” –
As palavras a saltar.
O insulto remexeu-se como um cacarejo,
E durante mu-u-u-ito tempo
Riu a cabeça de alguém,
Como um velho rabanete na multidão sem par.

(1913)

[Maiakovski, Eu Próprio. Poesia 1912-1916, vol 1, Editora Vento de Leste, Lisboa,1979, pág. 48]

escrito por Carlos M. E. Lopes

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