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EQUINÓCIO DA PRIMAVERA
É o tempo de os pequenos ventos
começarem a contornar as árvores
num longo arrepio diurno
A claridade ondula, desdobra-se, esfia-se
e logo se esfiapa espalhando as sementes
num curto silvo áspero e vertiginoso
Equinócio da Primavera
reconhecem os amantes
Encostados em longas
almofadas dormentes
Saindo da penumbra a raposa lambe o sol
com a sua língua de prata a detectar
o sabor dolente das chuvas fracas e recentes
Reconhecendo os novos odores almiscarados e o seu
pêlo ruivo possui o tom da chama acre pontilhando
de ocre as clareiras das matas ávidas de seiva
Equinócio da Primavera lembram-se os amantes
enquanto mergulham nas frias águas dos lagos
que devagar se libertam dos gelos
Ao longe renascem os ruídos que se reconhecem
a si mesmos e onde já dançam as asas fulvas e os
raios de uma luz esgarçada, enquanto nos montes
Por entre a folhagem incipiente e nos silvados
surgem os bagos, as bagas e os caules timidos
assustados, das longas flores oscilantes e lívidas
Equinócio da Primavera sabem os amantes
Escutando os corpos inquietos e deitados
nas grandes pedras macias ainda frias
Quem são os animais que correm
com os lobos nas florestas
adivinhando a lua pelas frestas das árvores?
Tal como as águias, as constelações cintilantes
ao longo das noites tépidas
têm um imenso olhar que a si mesmo se despe
Equinócio da Primavera
murmuram os amantes
No momento exacto em que[Maria Teresa Horta]
o sol cruza o equador celeste
foto, de ai.valhamedeus; escolha do poema, de Ana Paula Menezes.
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