Viver pela Liberdade – Maria Antónia Palla
Li o livro de Maria Antónia Palla, Viver pela Liberdade, e fica-me uma sensação de vazio. Nunca chegamos a saber que liberdade(claro que sabemos que é a liberdade também defendida pelo filho, o António Costa),mas há uma sensação de ausência clara. Acho bem que seja omissa às circunstâncias dos seus casamentos e trate sobretudo da sua atividade profissional. É um livro sóbrio, mas pouco interessante.
No entanto, a biografada dá-nos uma ideia das circunstâncias da sua vida, da sua luta por ser independente, do seu trabalho. Não haver liberdade sem independência económica, ensinou-lhe o avô, do Seixal, com mais luzes de política do que a neta, pois deve ter ouvido dizer de Lenine isso mesmo. Já Jacques Brel, que ela entrevistou em Paris, lhe disse “liberdade é ter o direito de se enganar”.
O livro é nitidamente escrito a quatro mãos, entre a Maria Antónia Palla e a Patrícia Reis. Mas quem é responsável pela frase “de Santa Apolónia a Austerlitz, com transbordo em Irún, porque a largura das linhas entre a Península Ibéria e França não eram as mesmas” (pág. 57)? Não eram a mesma largura??? Mais à frente também leio que “Dei comigo a imaginar as conversas que teríamos mas tarde, os passeios, as viagens que poderiam fazer juntos….” (pág. 225). Na primeira parte, parece a Maria Antónia a falar, na segunda parte parece a Patrícia Reis. Estarei enganado?
A sua experiência na Jamba nada esclarece. Dizer que as cartas dirigidas (e publicadas) sobre a colaboração entre a PIDE e a Unita são falsas, sem mais nada, não abona a favor do rigor da jornalista.
Talvez o seu empenhamento no movimento feminista devesse ter sido mais desenvolvido. Mas, que se espera de uma PS?
escrito por Carlos M. E. Lopes
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