Paz nas montanhas, meu alívio certo.[Miguel Torga. Gerês, 1 de agosto de 1953]
O girassol do mundo, aberto,
E o coração a vê-lo, sossegado.
Fresco e purificado,
O ar que se respira.
Os acordes da lira
Audíveis no silêncio do cenário.
A bem-aventurança sem mentira.
Asas nos pés e o céu desnecessário.
[Clique na imagem, para a ver maior]
Gerês, 3 de agosto de 1953 – A serra a queimar como uma fogueira de pedra. Mas ardo nela com a fanática devoção das viúvas indianas na pira da fidelidade. O pouco que sou devo-o às fragas. Foi a pisá-las que aprendi a conhecer a dureza do mundo e a admirar o ímpeto que se não resigna à lisa sonolência duma paz interior espalmada. A inquietação da terra vê-se nos montes. Sem eles, quem daria aos homens o permanente exemplo de sublevação natural que há no espírito da própria vida?
[Miguel Torga, in Diário VII]
foto, de ai.valhamedeus; escolha do poema, de Ana Paula Menezes.
0 comentário(s). Ler/reagir:
Enviar um comentário