Para não esquecer...

hoje é sábado 331. A QUEIXADA

A queixada marca o tempo
neste lugar
a queixada com o seu
furioso mastigar.

É entrar num restaurante
popular
é entrar e ver a queixada
a abrir e a fechar.

À queixada não dão tempo
neste lugar,
não dão tempo nem comida
da que se pode manjar

E a queixada não se queixa
(que outras se vão queixar)
Recebe, esmaga e despacha
a comida por provar

Como lhe falta comida,
carniça boa a sangrar
a queixada, que não é parva
e não pode viver do ar

come tudo o que lhe derem
no restaurante, no bar
uma dobrada singela
ou um frango a engelhar.

Tem é pressa e um vazio
a preencher, a tapar
Neste verso bebe vinho,
neste vai recomeçar…
[O´Neil, Alexandre, Poesias Completas, 1951/1986, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, s/l, 1990, pág.147]

escrito por Carlos M. E. Lopes

0 comentário(s). Ler/reagir: