Para não esquecer...

JULGAMENTO


A voz da lei impressa nesse livro
e aquele dedo erguido
quase a tocar a chama
 
mas sem ponte de luz
que incendiasse
 
E eu tão sereno,
As mãos parecendo presas,
Mas serenas,
Sustendo o já por mim
Sabido
 
Hás os que me olham mais:
Só os contemplo,
Pressentindo o horror
 
Os outros são figuras esbatidas na contraluz da dor 
Mas eu estou sereno,
Finjo estar
 
Era então resignado
O meu olhar,
Ou de tristeza e infinita pena
Por me saber
Acima dos murtais?
[Ana Luísa Amaral, Ágora, Assírio & Alvim, 2020, pág. 21-22]

escrito por Carlos M. E. Lopes

1 comentário(s). Ler/reagir:

Carlos Paisana disse...

Como sempre, uma excelente escolha. Não pares, que isto é um refrigério num vendaval de angústias e revoltas.
Carlos Paisana