Corria o ano de 1981 ou 1982, já não sei. À saída das aulas os alunos foram confrontados com um grande texto, em papel cenário de metro e meio de largura e uns seis ou sete metros de comprimento espetado à saída da faculdade de Direito, mas do lado de dentro, em que um professor denunciava o comportamento indecoroso de outro, não o poupando em adjetivos pouco abonatórios. Citando de cor, pois à altura nem telemóveis havia, entre outras coisas o professor/denunciante dizia ter grande consideração e respeito pelo pai, o qual tinha sido um bom professor e bom pai. Tinha sido o seu pai professor de alemão do denunciado, mas havia uma coisa que não perdoava ao pai: não ter conseguido fazer dele um homem.
A coisa, mais coisa menos coisa, foi assim. Achei duro, violento, até, o texto. De uma grande crueza e frontalidade. O professor denunciado era caracterizado por alguma cobardia e perfídia. A história veio a confirmar alguns adjetivos com que foi mimoseado o denunciado. De resto, uma pessoa muito conhecida. O denunciante acabaria por ter sido “corrido” da faculdade de Direito, o segundo lá continuou até à reforma, encabeçando um conjunto de professores que acabaram por “correr” com alguns dos melhores professores que havia na Faculdade de Direito. Lembremos que até Freitas do Amaral, um perigoso esquerdista, saiu não muito contente com o ambiente que então se vivia.
O Professor denunciado é constitucionalista, mas não conheço qualquer contributo dele para o constitucionalismo português, ao contrário de Jorge Miranda, Gomes Canotilho e Vital Moreira, só para citar os famosos de então.
Ah, o denunciante era António Garcia Pereira. O denunciado, Marcelo Nuno Rebelo de Sousa.
escrito por Carlos M. E. Lopes
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