«Abençoado aquele que não tem família», desabafava enfadonhamente Karl Marx numa carta de Junho de 1854 a Friedrich Engels.
Tinha trinta e seis anos na altura, e há muito que cortara os seus laços umbilicais. O pai estava morto, assim como os três irmãos e uma das cinco irmãs; outra irmã tinha morrido dois anos mais tarde, e as sobreviventes pouco tinham a ver com ele. As relações com a mãe eram frias e distantes, sobretudo porque ela mostrava suficiente falta de consideração mantendo-se viva e impedindo, assim, o filho rebelde de herdar.
[...]
Uma vez fugido do ninho, Karl pouco mais teve a ver com a mãe exceto quando tentava, sem muito sucesso, extorquir-lhe dinheiro. Muitos anos mais tarde, depois da morte da amante de Engels, Mary Burns, Marx enviou ao amigo uma brutal carta de pêsames: «Estou a ser importunado por causa das propinas e da renda... Em vez da Mary, não devia ter sido antes a minha mãe que, de qualquer modo, é um poço de doenças e já gozou a sua parte de vida?»
escrito por ai.valhamedeus
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