Decorria o ano de 1977 e havia absoluta necessidade de realizar o Congresso Regional. Os camaradas afadigavam-se. Havia que levar a cabo a magna reunião dos verdadeiros comunistas. Não confundir com os revisionistas do partido do Barreirinhas Cunhal. Reuniões, atrás de reuniões, o povo derrotava a linha negra do renegado Sanches e a sua camarilha. De resto o camarada M. havia iniciado esse combate. Um dia, numa reunião, começou a abrir e a fechar as gavetas da secretária. “que fazes M.?” “procuro a linha negra!”. Aquilo era mesmo a sério. Defendeu também a compra de um autocarro para o partido com tantos volantes como lugares para passageiros. “M. para quê tantos volantes, móss?” “para rompermos por todas as frentes, diabe!”.
Passadas semanas, reunia solenemente o Comité Regional. Finalmente o secretário Regional ia ler a comunicação a apresentar na reunião magna. Sentado no topo da mesa, com as folhas do informe nas mãos, o camarada JV começou a debitar. A partir de certa altura o camarada começou a hesitar, a mexer muito nos papéis e a dizer muitos “portanto”. Era “portanto” para aqui, “portanto” para ali. O camarada AC, achando que a conjunção era em barda, acabou por deitar uma olhadela para os papéis do camarada secretário. Acabou a reunião. O camarada secretário regional não tinha tido tempo de escrever o relatório... e as folhas que “lia” estavam em branco!
escrito por Carlos M. E. Lopes
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