Para não esquecer...

A CRISE E MARCELO

Se há uma pessoa que não sei nem compreendo o que diz é Marcelo Rebelo de Sousa. Lendo-o desde 1973, fico sempre na dúvida “o que é que que ele quer?”. Nunca soube. Mas, uma coisa é certa, não acredito nele, nunca.

Consegue, esta personagem, passar entre os pingos da chuva, sem se molhar.
Nesta crise, com demissão de Costa e dissolução da Assembleia da República, não consigo deixar de ver a mãozinha do cavalheiro.

Lucília Gago foi indicada pelo governo e nomeada P-GR pelo PR, com grande desgosto da direita política na AR, pois achava que Marques Vidal deveria continuar, porque endireitava a política, como se viu com a prisão de Sócrates. Muito se falou que o PS se queria ver livre de Marques Vidal por esta não ser controlada pelo Partido Socialista. Só um pouco de investigação mostraria que todos os Procuradores-Gerais depois de Cunha Rodrigues (1984-2000), tiveram somente um mandato de seis anos. Mas, as coisas são assim…

Toda a gente sabe que Marcelo não é pessoa de confiar.

Quanto aos factos... No dia do famoso comunicado, a Procuradora-Geral tinha ido a Belém. O conteúdo da conversa, ninguém sabe. Mas é natural que Lucília Gago não tenha ido mostrar a última mala que comprou na Gugi… O teor da conversa não se sabe, mas pode-se especular, não? O comunicado é divulgado e, à tarde, o Primeiro-Ministro pede a admissão, prontamente aceite, e o governo cai. O PR não sabia do teor do comunicado? Custa a creditar que não. Duvido que o mesmo tivesse sido divulgado sem o seu consentimento.

No seguimento, reúne o Conselho do Estado e resolve marcar eleições antecipadas para março de 2024 (!!!).

Ainda se pôs a hipótese de um governo, com outro Primeiro-Ministro, a exemplo de Santana Lopes, pós Barroso, mas tal não foi aceite pelo PR.

Centeno veio dizer que tinha sido convidado para ser Primeiro-Ministro, tanto por Costa, como pelo PR. Aí veio o PR dizer que não tinha convidado Centeno. Este veio confirmar que o PR não o tinha convidado.

Quanto a este episódio, não me custa acreditar que o PR não tenha falado com Centeno, mas acredito piamente que o PR tenha dado o seu acordo ou tenha mesmo sugerido o nome de Centeno para formar governo a Costa e este tenha transmitido tal acordo a Centeno.

Entretanto, aquilo deu em nada e vai haver mesmo eleições, ainda que o governo se mantenha em funções plenas até um de dezembro.

Galamba discutiu o OE e, a seguir, demitiu-se.

Soube-se que as suspeitas sobre os secretários de Estado  e assessores parece não terem sido assim tão graves e não deram em nada (até agora).

De todo este imbróglio quem sai incólume? O PR, claro, e o seu envolvimento no caso das gémeas luso-brasileiras apagou-se.

Grande Marcelo! Com quem se foi meter o Costa, quando não demitiu o Galamba!

escrito por Carlos M. E. Lopes

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