Para não esquecer...

A ESTÓRIA DA NEIDE

Há imagens, notícias, documentos... que saltam pela Internet de caixa de correio em caixa de correio. Algumas delas mereceriam ficar devidamente arquivadas, para que um dia se possa fazer uma outra História (ou história? ou estória?) deste país. Transcrevo, vendida pelo mesmo preço por que a comprei, a estória da Neide -- que só deu no que deu porque a Neide não tinha nome mais... pesado. As Neides que por aí há, Jesus!

Neide é uma brasileira que estava sossegada a servir às mesas do restaurante Sr. Bacalhau do Colombo em Lisboa. Ao tasco, ia lá almoçar amiúde o Sr. Dr. Ernesto Moreira, Director do Departamento de Administração Geral do Instituto de Gestão Financeira e Patrimonial da Justiça, ufa! O nosso Ernesto engraçou com a Neide do Bacalhau, e mais bacalhauzada menos bacalhauzada, o bom do Ernesto viu que por ali a Neide era mal empregada. Avaliou aquilo de alto a baixo, e zás, concluiu que faltava Neide no património do Estado Português.

E se bem a mastigou, melhor a engoliu. Sugeriu à Neide um lugarzito, mandou-a concorrer e seleccionou-a. A Neide foi então "Requisitada pelo Estado" por despacho estatal e publicado em Diário da República, sem qualquer concurso público, que foi dispensado, dada a urgência e supremo interesse que o Estado tinha na Neide. A nossa Neide saltou assim do bacalhauzito para "Coordenadora do Departamento de Logística do Depósito Público de Vila Franca de Xira" com 1700 mocas por mês (340 contitos, mais regalias).

O Independente achou piada à dispensa do concurso e foi ver da Neide. E chapou com a Neide na primeira página de há 15 dias atrás. Foi um gozo. Eu, que ia em viagem de carro, ouvi o desenrolar de tudo pela rádio, em noticiários sucessivos. Um delírio puro, só não me despistei de tanto rir por mero acaso. É que os jornalistas foram ouvir o Sr. Dr. Ernesto Moreira, que falava do supremo interesse do Estado pela Neide e explicava juridicamente a necessidade do regime de requisição e mais, redundou que era a candidata com melhores habilitações e que tinha a experiência profissional da logística dos seis restaurantes Sr. Bacalhau. A rádio deslargou-o e telefonou à gerência do Sr. Bacalhau. Que não, que Logística não serviam, a especialidade deles era mesmo bacalhau, cujos tascos eram independentes e que a Neide era uma boa empregada de mesa sim senhores. Voltaram ao Ernesto. O Ernesto falou de uma licenciatura em Geografia e balbuciava qualquer coisa sobre Vila Franca de Xira. Depois teve o bom senso de se calar. Isto tudo de manhã. À tarde o Ernesto ia à vida, o Presidente do IGFPJ idem aspas aspas, mais um ou dois responsáveis e a Neide. O Sócrates, acossado, mandou tudo pró olho da rua, logo na tarde da Sexta em que saiu a noticia.

escrito por ai.valhamedeus

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