Para não esquecer...

SENHORES PROFESSORES... POR FAVOR!

Na última semana deparei-me com uma unanimidade em relação aos professores. Ninguém os grama. Julgo até que, tal como a educação, é um sector bastante desprezado pelos portugueses.

Na sua crónica semanal, o Prof. Doutor António Barreto elege o sector da educação como sector em que se têm tomado medidas corajosas e positivas. Agora, na Visão, o Dr. Marques Mendes vem dizer, no fim da entrevista, que “a mim surpreende-me positivamente a actuação da ministra da educação”.

Na campanha para as autárquicas o PS de Tavira denunciou uma carta que o Engº Macário Correia teria enviado ao ministro da educação de então (David Justino), propondo-se acabar com os “passeios” dos professores pela cidade, arranjando-lhes ocupação condigna (polícias municipais?). Ora, como se sabe, essa manobra do PS não surtiu efeito: o homem reforçou a percentagem de votos!

Pensava eu que os professores tinham sido alvos fáceis de medidas avulsas e demagógicas do governo do Sr. Sócrates. Mas começo a pensar que não. Até o Presidente do maior partido da oposição (?) fala em medidas positivas na educação!!!. Palavra que vou tentar compreender. Não há quem me possa explicar?

escrito por Carlos M. E. Lopes

2 comentário(s). Ler/reagir:

Ai meu Deus disse...

Não li a entrevista de Marques Mendes. O texto de A. Barreto, sim.

Houve tempo em que eu admirei A. Barreto -- acabou essa admiração no momento em que verifiquei que ele era mais um exemplar do bando a que genericamente se chama comentador político. Gente que fala de tudo, do que sabe e do que não sabe -- talvez porque têm que escrever regularmente para receberem a ma$$a que os seus textos geram.

No caso do texto em apreço, é claro que o autor a) pretende malhar nos Sindicatos, cujas propostas obviamente desconhece. Só um exemplo: os Sindicatos não estão contra a substituição dos professores em falta; estão, tal como os professores, é contra aulas dadas (de borla) [A. Barreto confessa que tb deu aulas de substituição... mas pagas]; b) emite opiniões sobre a educação do ponto de vista do leigo, esquecendo(?) que a educação é um domínio técnico. O seu exemplo é exemplar: deu aulas como estudante (portanto, sem qualquer preparação pedagógica -- vamos supor que tinha a científica...), pelos vistos muitas vezes improvisando aulas para que era chamado em cima da hora (às 7 da manhã). Aulas assim só podem ser a negação do que devem ser aulas; defender que nas aulas o importante é "manter os alunos na escola e aproveitar para lhes dar complementos de outros assuntos" é a maior tolice que se pode escrever. Mesmo que tenha sido escrita por Eduardo Prado Coelho. Mesmo que seja essa a concepção da D. Lurdes Rodrigues. Mesmo que quem escreva isso seja Professor Doutor, como parece ser o caso. Tolice, repito; c) manifesta claramente o tom apologético quando conclui que a ministra "sozinha, não vai lá. Com os sindicatos de professores, também não. Com a sociedade, os cientistas e os pais, talvez". Ainda não entendi o que faz correr estes comentadores. Mas eu garanto que sem os professores é que a D. Lurdes Rodrigues não vai lá. Que não há ministra nenhuma que lá vá. Garantidamente.

Anónimo disse...

Também não li a entrevista do dr. Mendes.
Conheço o Sr. Barreto dos tempos em que foi ministro da... agricultura. Encontro-o com alguma graça quando resolve falar fotograficamente do Douro; do resto, deus-nos-acuda: fala de tudo, escreve sobre tudo e, perde-se sobretudo. Em assuntos de Educação (como em outras matérias), este governo vai promovendo, de forma gritada, a desertificação, não só do território, mas de uma parte significativa das energias, do ânimo, do carácter "missionário" com que muitas tarefas se desmpenhavam.

O que este governo está a liquidar, com o aplauso e o silêncio do maior partido da oposição - que o não conseguiria- que o não conseguiria fazer melhor (até porque o ps-oposição o não permitiria), é um conjunto de valores, não, isto não é abstracto, a liberdade (principalmente a de imprensa e de expressão); os direitos; a justiça; a segurança do e no trabalho; a solidariedade social; a reforma, num período de vida em que ainda seja possível viver com alguma qualidade; etc.

Sobre a escola, os professores e o ensino, a Lurdinhas e restantes publicistas ainda não informaram o povão, porque eles não são estúpidos, que o que está em causa é desacreditar um dos principais pilares de socialização e da identidade de um povo e inaugurar, de vez, o país que segue a máxima do "salve-se quem puder". Eles estão a salvaguardar-se. São raros os que, mesmo jovens, não contam com duas ou mais reformas! São raros os que não estão com um pé no governo e os dois pés num qualquer conselho de administração, de uma qualquer empresa estatal. E eles sabem que pode ser nas escolas que se fermenta a contestação e a revolta. Até por isso, é preciso torná-las fracas e inúteis, fechá-las; o que mais há por aí é iniciativa (?) privada à espera de colher o fruto maduro. Aulas de substituição? sim, desde que pagas, com uma bolsa de professores, trabalhando em projectos, convenientemente estruturados,nunca na situação de um professor de qualquer disciplina substituir outro, mesmo que seja da sua área! mesmo que seja para dizer umas graçolas, como sugeriu a ministra... ou como, recentemente, e inteligentemente referiu o p da a. de pais "se a senhora jornalista não pudesse vir, teria vindo outra no seu lugar". Não sei se isto é efeito da opa mas, uma escola não é um hiper; faltou a funcionária da caixa sete, vai para lá outra qualquer.

Estamos na era da mercadoria, acabou o sentido do toque de feriado; começou o sentido do toque de finado. Pronto, como agora se diz, já desbafei,
JCosta