Para não esquecer...

PRODUTIVIDADE EM PORTUGAL

Um dos temas actualmente mais discutidos em Portugal (a par do défice) é a questão da baixa produtividade da economia portuguesa.

Esta baixa produtividade é, normalmente, explicada pela falta de qualificação da mão-de-obra, pela tipologia da indústria portuguesa e, penso eu que acima de tudo, pelo facto de Portugal ter ainda um nível de economia subterrânea demasiado elevado (comparando com os restantes países desenvolvidos).

Esta economia subterrânea é inclusive dinamizada pelo próprio Estado e pelas sucessivas medidas que tem vindo a tomar nos últimos anos

(independentemente das cores políticas dos Governos),
como o desaparecimento dos benefícios fiscais associados à apresentação de facturas e consequente dedução do IVA pago pelos contribuintes
(assim sendo, toda a gente pedia factura aos restaurantes, nas oficinas particulares –- porque os grandes concessionários não podem ser atacados –- e afins).
Quem até hoje não beneficiou de pequenos descontos por não pedir recibo ao médico, advogado, carpinteiro, canalizador, etc e tal? Esta fuga ao fisco proporcionada pela ausência de motivação aos contribuintes em geral leva ao enriquecimento sem justificação de agentes económicos ligados principalmente às profissões liberais.

Aumentar a produtividade per capita é, hoje, uma preocupação premente do Estado/Governo português. Para isso, tomou desde já algumas medidas: reformulação dos diferentes ministérios, institutos e afins –- perigando o “eterno” emprego de uma cambada de inúteis passeadores de papéis que existem nos organismos públicos; tentou
(ainda sem sucesso)
transmitir a ideia de que iria começar a avaliar os funcionários públicos pela sua competência e produtividade
(até agora apenas o vi na DGCI, após a entrada polémica do Director Geral dos Impostos, já aqui discutida);
iniciou um processo de harmonização de informação dos contribuintes/cidadãos com o cartão do cidadão e com o passaporte electrónico.

Mas, quanto a mim, a medida mais importante que deverá tomar nos próximos tempos e que possibilitará o aumento exponencial deste indicador é pura e simplesmente basear toda a análise da produtividade no desempenho dos deputados.

Trabalham 10 meses por ano
(com férias pelo meio no Natal, Carnaval, Páscoa e afins),
com direito a pontes e viagens, justificam como interesse de Estado e passível de justificar faltas ao seu trabalho e de adiar votações e outros trabalhos assistir a jogos de futebol como o Benfica-Barcelona
(declarações de Narana Coissoró à Antena 1),
a semana santa e as mini férias de Carnaval passadas em estâncias turísticas -- e ainda por cima culpam a Assembleia da República de marcar votações para uma quarta feira
(quando são normalmente às quintas)
às 19h30
(uma hora depois do normal)!
Se analisarmos todas as decisões tomadas pelo parlamento e respectivas comissões à luz de todas as horas em que eles, deputados, na sua inabalável opinião de honestos trabalhadores, estão efectivamente ao trabalho da nação, então a produtividade de Portugal estará por certo acima de qualquer outro país!

Efectivamente os nossos deputados são mal pagos…
[deixem-se de histórias e vão para casa!]
Um abraço.

escrito por ai.que.me.foram.ao.bolso.outra.vez.com

1 comentário(s). Ler/reagir:

Anónimo disse...

Bom post, infelizmente actual há décadas, cujo conteúdo subscrevo inteiramente. Toca em muitas feridas que os sucessivos (des)governos provocaram e que, sei que é pessimismo meu, não irão sarar. Muitos eleitores só assobiam para o ar ou só olham para o chão e não querem saber disso para nada e até têm raiva a quem sabe.
Abraço!