Comodamente sentado na Sala de Festivais do Centro de Belas Artes, em São João, dei comigo a olhar para a grande quantidade de músicos gordos. Se «gordura é formosura», este concerto seria uma passagem de modelos. E desfilaram realmente grandes modelos: Régis Pasquier, violino, Roland Pidoux, violoncelo e Jean-Claude Pennetier, piano
[Trio de Piano de Paris]interpretando Tchaikovsky, Beethoven e Stravinsky
[na companhia da excelente Orquestra Sinfónica de Porto Rico].No regresso a casa pensava eu de que....
[muito pintodacostamente]às vezes os «ditos populares» acertam na bola: «mal de muitos é conforto» dizem...
[conforto de tolos, dizem outros].No caso de Pablo Casals,
[o catalão a quem Franco não conseguiu calar o violoncelo nem a consciência]a perda da Espanha foi o ganho de Porto Rico. Nesta ilha caribenha, Don Pablo iluminou o firmamento musical e elevou o violoncelo a galáxias jamais imaginadas.
Depois da sua morte, o Festival que certeiramente se apoia no seu nome, recorda em Porto Rico o virtuoso maestro e a sua obra. Durante muitos anos, por esta época, músicos da estatura musical de Yo Yo Ma animam o panorama musical da ilha e recordam carinhosamente Don Pablo.
O insigne músico regressou à Catalunha depois da morte de Franco, como era seu desejo, mas numa caixa de pinho
[porque a morte, muito vicentinamente, silenciou o seu violoncelo antes de silenciar a voz do ditador].Porto Rico ganhou muitas outras figuras intelectuais espanholas que não venderam a sua alma ao fascismo. Na grande galeria de artistas, filósofos e professores, destaca-se também a estrela de primeira grandeza que foi Juan Ramón Jeménez, Prémio Nobel da Literatura, 1956.
escrito por J. Alberto, Porto Rico
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