Pensemos por um momento que na invasão do Iraque não pesou o petróleo. Só o estabelecimento da democracia e a luta contra o terrorismo. E pensemos que no Afeganistão não pesou o gasoduto. Só mesmo a luta contra o terrorismo. Quem participe num acto terrorista merece a morte. Ou seja, a luta contra o terrorismo é tão importante que bem justifica a morte de quase um milhão de pessoas
[de pessoas é como quem diz, de afegãos e iraquianos].Na semana passada um tribunal da Califórnia pôs em liberdade um tal Posada Carriles com uma caução de um par de dólares. Pagou-a e foi a correr para a casa de familiares e amigos na Florida
[até aqui nada que não aconteça todos os dias].O que faz este caso interessante é que Posada Carriles é uma velha personagem cheia de fama no mundo e na história do terrorismo.
Nasceu em Cuba. Desde que a Revolução triunfou, passou a trabalhar para a CIA. Uma década depois, organizou o derrube de um avião da "Cubana de Aviação" com um saldo de sete dezenas de mortos, quase todos membros jovens de uma delegação desportiva.
Como entretanto tinha conseguido a naturalização venezuelana e o crime foi cometido nesse país, ali foi julgado e condenado.
Um par de anos depois, fugiu da prisão e correu vários países. Há uns anos atrás, organizou um atentado contra Fidel Castro quando este visitou o Panamá. Foi preso e condenado naquele país
[Cuba pediu a sua extradição mas o Panamá não o extraditou].Uns meses antes de terminar o seu mandato, a presidente do Panamá, Mireia Moscoso, indultou-o. Disse ela que por razões humanitárias
[até hoje ninguém sabe quanto recebeu essa senhora por tão humanitária acção. As más línguas falam em três milhões de dólares].Uma vez fora da prisão, entrou ilegalmente nos Estados Unidos da América. Foi preso por entrada ilegal no país. Venezuela e Cuba pediram de novo a sua extradição. O governo estado-unidense negou-lhes o pedido com o argumento de que nesses países não há garantias de que não será torturado
[para os mais distraídos, a base militar de Guantânamo está situada em Cuba. E pelos escritos de investigadores estado-unidenses, sabemos hoje que centenas de prisioneiros estão há 4 anos presos sem julgamento e são periodicamente interrogados sob tortura].Em conclusão, Posada Carriles é um terrorista conhecido e reconhecido que já foi condenado duas vezes por crimes de terrorismo
[em ambos os casos ninguém protestou porque os governos da Venezuela e do Panamá eram muito democráticos, amigos e confiáveis].O governo dos Estados Unidos conhece o seu passado e mesmo assim protege-o. Daqui se infere que: um terrorista só é verdadeiramente um terrorista perigoso e merecedor da morte, dependendo do país em que nasceu ou da nacionalidade das suas vítimas.
escrito por José Alberto, Porto Rico
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