No último minuto de Domingo, os donos do canal venezuelano RCTV assistiram à morte anunciada da sua galinha dos ovos de ouro, enquanto as carpideiras pagas pelos donos das outras galinhas de ovos de ouro de todo o mundo atroam os ares com as suas choradeiras e rasgar de vestiduras desenhadas pelos nomes da alta moda democrática. E é difícil saber se as lágrimas de crocodilo são vertidas pela perda da liberdade de expressão, se pela liberdade da perda de expressão ou pela expressão da perda de liberdade. O que sim sobressai é a raiva de não poderem continuar a mandar os ovos de ouro para a Suíça.
Vamos aos factos:
Os donos do referido canal
[uma SIC venezuelana, para melhor entendimento]sentiram o cheiro do dinheiro quando apostaram no golpe de estado que prometia, quase com garantia, derrubar definitivamente o presidente Chávez e lhes permitiria continuar a receber os milhões que sempre choveram durante o reinado dos passados presidentes
[com nomes como Andrés Pérez, Jaime Lusinchi, Rafael Caldera, et aliud].Conferidos os números, descobriram que não acertaram sequer na terminação da lotaria política. Em vez de atirarem a cautela para o caixote do lixo e esperar a próxima oportunidade, puseram-se a bater o pé e a gritar que queriam o prémio
[tinham alguma razão: por terem sido a sede do comando central do golpe de estado deviam receber pelo menos um prémio de consolação].Diz um velho ditado que «não cuspas para o ar que te pode cair na cara». Os milionários donos do RCTV fartaram-se de cuspir para o ar. Era tudo festa no dia do golpe de estado. E não puderam prever que dois dias depois o cuspo começaria a cair-lhes nas ventas. O povo da Venezuela exigiu que o seu presidente democraticamente eleito voltasse a presidir o país.
O centro de mando do golpe entendeu que tudo seguiria igual: muitos milhões em publicidade, muitas novelas, muito entretenimento para que o povo não pensasse na realidade do dia a dia, muitas notícias sobre erros, verdadeiros ou fictícios, do governo. Tudo como dantes.
Mas não contaram com a astúcia do outro lado
[erro crasso em política: pensar que o adversário é imbecil]:e foi por isso que o governo do comunista Chávez deu um golpe de mestre: só teve que esperar a data do fim do contrato legal que tinha o canal. Assim de simples.
Agora a discussão centra-se no tema da liberdade de expressão. RCTV teve a inteira liberdade de se transformar no centro de mando de um golpe de estado para expressar o seu repúdio ao Presidente. O Presidente teve a liberdade de expressar que preferia um canal público chamado TeVes. Porque são milionários, os donos do ex-RCTV já expressaram livremente a sua decisão de criar um novo canal.
escrito por José Alberto, Porto Rico
2 comentário(s). Ler/reagir:
É preciso estar completamente apanhado para defender Chavez.
Pobre povo venezuelano.
O voto popular serviu-lhe para rasgar a democracia e se transformar num perigoso ditador.
Admiração é ver gente a milhares de Km de distância defender um agitador destes, bem pior que o cubano. Onde, com 50 anos de revolução e ditadura, o povo se mantém na maior miséria e completamente subjugado pelos castristas.
Se Che regressasse a Cuba morreria de vergonha.
Bem observado, senhor Sapato.
Uma boa sapatada precisava esse ditadorzedo venezuelano. Tão ditador que se dá ao luxo de ganhar seis eleições com permanente aumento de votos. Roubados, não tenha V. Exa dúvida. Tão bem roubados que um tal Rosales (que certamente V.Exa não conhece, mas que também pata quê) aceitou que perdeu limpamente as eleições. Um Rosales ignorante nestas coisas de eleições democráticas.
Devíamos juntar-nos e mandar um abaixo-assassinado para proibir que gajos assim participem nas nossas eleições. Tanto trabalho para criar um sistema que permita ter cérebros privilegiados como Sócrates, Santana Lopes e Paulinho Portas no poder... e lá se mete pelas frinchas um Chávez qualquer.
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