Vi, sem querer, parte da discussão, na Assembleia da República, da proposta de divórcio apresentada pelo Bloco de Esquerda.
Actualmente há duas formas de obter o divórcio. Na primeira, os cônjuges dirigem-se ao Conservador do Registo Civil, em requerimento, e pedem o divórcio. Não têm de dizer o motivo. Basta estarem casados. Na segunda, um dos cônjuges pode invocar a violação, pelo outro, dos deveres conjugais. Os quais são os de respeito, fidelidade, coabitação, cooperação e assistência. Pode-se ver isto no artº 1672º do Código Civil.
Pelo que ouvi, na proposta do Bloco de Esquerda, qualquer dos cônjuges poder-se-ia dirigir ao Conservador e dizer “olhe, quero divorciar-me”. O Conservador marcava uma conferência entre os cônjuges, tentava demover o requerente e, três meses depois, nova conferência e, eis, finalmente, o divórcio.
Saltaram os outros partidos a dizer que tal era banalizar o divórcio. Que o divórcio não é um contrato qualquer, e que mais isto e mais aquilo. O Dr. Montalvão Machado foi o mais fervoroso adepto da rejeição, seguido de muito perto pela Drª. Maria do Rosário Carneiro.
Como se vê, pela transcrição atrás feita, a falta de amor
(ou a fartura)não é causa de divórcio. E assim um pacato cidadão tem de aturar o monstro que tem em casa, até arranjar um pretexto legal.
Mas o que mais estranho desta discussão é que os argumentos esgrimidos
(se a memória não me atraiçoa)são os interesses económicos em causa num divórcio terem sido a razão mais forte que está na fonte da proposta.
Como se sabe, e quem já passou pelo divórcio sabe, a questão da casa, a pensão de alimentos para o menor ou
(pior)para o outro cônjuge, a adjudicação do carrinho, a divisão dos móveis, o ter de aturar “o outro” ainda depois de tudo estar acabado, é o mais difícil. E isto porque não se “gramarem” já, até é questão pacífica.
É pena a falta de amor não passar a ser causa de divórcio e a separação de bens o regime imperativo de bens.
escrito por Carlos M. E. Lopes
2 comentário(s). Ler/reagir:
Já, Sua Santidade, o Papa Bento XVI, é contra o segundo casamento.
Percebe-se porque é solteiro.
Se fosse casado seria contra o primeiro.
Esquecem-se sempre do AMOR porque o amor é um acto natural. Não tem nada a ver com papeis. :)
[]
I.
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