Palestina livre!

07
jan
2007

FRATERNIZAR 1/2007

Jornal FraternizarMais uma vez aí está o Jornal Fraternizar do Padre Mário de Oliveira. Neste número o prato forte é A hora dos Povos

(a queda do Império)
e a Interrupção Voluntária do Diálogo. Já se vê a que se referem... Como sempre, a não perder.

Transcrevo o início do texto sobre a despenalização do aborto, de um "Grupo de Católicos: Ana Berta Sousa, José Manuel Pureza, Maria Parada, Miguel Marujo, Paula Abreu", que "assinam oportuna reflexão conjunta sobre o próximo Referendo". Um texto do Movimento "Nós Somos Igreja":

Não há nada melhor para o homem do que comer e beber, e fazer com que a sua alma goze do bem do seu trabalho. Também vi que isto vem da mão de Deus" (Eclesiastes 2, 24)

Somos católicos e assistimos, inquietos e perplexos, à reiteração de uma lógica de confronto crispado por parte de sectores da Igreja Católica -- incluindo os nossos bispos -- no debate suscitado pelo referendo sobre a despenalização do aborto. Frustrando as melhores expectativas criadas pelas declarações equilibradas de D. José Policarpo, a interrupção voluntária do diálogo volta a ser a linha oficial. E o radicalismo vai ao ponto de interrogar a legitimidade do Estado democrático para legislar nesta matéria. É um mau serviço que se presta à causa de uma Igreja aberta ao mundo.

A verdade é que a despenalização do aborto não opõe crentes a não crentes. Nem adeptos da vida a adeptos da morte. Não é contraditório afirmarmo-nos convictamente "pela vida" e sermos simultaneamente favoráveis à despenalização do aborto. Porque sendo um mal, não desejável por ninguém, o recurso ao aborto não pode também ser encarado como algo simplesmente leviano e fácil. As situações em que essa alternativa se coloca são sempre dilemáticas, com um confronto intensíssimo entre valores, direitos, impossibilidades e constrangimentos, vários e poderosos, especialmente para as mulheres. Ora, mesmo quando, para quem é crente, a resposta concreta a um tal dilema possa ser tida como um pecado, manda a estima pelo pluralismo que se repudie por inteiro qualquer tutela criminal sobre juízos morais particulares, por ser contrária ao que há de mais essencial numa sociedade democrática.

Por isso, não nos revemos no carácter categórico e absoluto com que alguns defendem a vida nesta questão, dela desdenhando em situações concretas de todos os dias: a pobreza extrema é tolerada como "inevitável", a pena de morte "eventualmente aceitável", o racismo e a xenofobia são discurso vertido até nos altares. A Igreja Católica insiste em dar razões para ser vista como bem mais afirmativa "nesta" defesa da vida do que nos combates por outras políticas da vida como as do emprego, do ambiente, da habitação ou da segurança social. Além de que, no caso do aborto, a defesa da vida deve sempre ser formulada no plural. Estão em questão as vidas de pelo menos três pessoas e não apenas a de uma. Por isso, quando procuramos -- como recomenda um raciocínio moral coerente mas simultaneamente atento à vida concreta das pessoas -- estabelecer uma hierarquia de valores e de princípios, ela nem sempre é fácil ou mesmo clara e não será, seguramente, única e universal.
escrito por Carlos M. E. Lopes

05
jan
2007

O SR. PRESIDENTE E O GOVERNO

O Sr. Presidente da República fez um discurso de Ano Novo onde faz algumas exigências ao governo. Exigências que, todos sabemos, não podem ser cumpridas. Cavaco sabe e Sócrates sabe. Todos sabem. Já Maquiavel dizia que o mal deveria ser feito de uma só vez e o bem, devagarinho.

Os ciclos eleitorais do governo e do Sr. Presidente da República são diferentes. Depois de dois anos de loucura de confrontação, o governo há-de querer baixar o ímpeto “reformista”, face à aproximação das eleições. O Presidente, com um mandato mais alargado e com uma eleição mais recente, tenta, com este recado, demarcar-se do governo e ficar com espaço de manobra, congregando o descontentamento geral. Mas, aqui, com o equívoco geral. Os portugueses irão ver o Sr. Presidente como a pessoa que está do seu lado

[se fosse ele, “isto” estava melhor],
quando, de facto, é o contrário: ele quer que se continue a apertar o cinto, para gáudio dos liberais.

O Sr. José Pinto de Sousa, esse, há-de descobrir, de repente, que é socialista e que tem preocupações sociais
(quando o único partido social-democrata, hoje, se chama Partido Comunista Português).
Deste confronto nada resultará a não ser aquilo que já sabemos: tem-se a ideia de que o governo legisla a esmo, sem uma ideia estratégica coerente e gere o ciclo eleitoral em seu proveito. Que lhe faça bom proveito!

escrito por Carlos M. E. Lopes

RECEBIDO POR EMAIL -33. paga e cala!

Estacionamento[pois!...]

escrito por ai.valhamedeus [com um beijo para a Paula Cardoso]

04
jan
2007

SONS * 9. cassandra wilson

Cassandra WilsonDescobri Cassandra Wilson

[apesar de, pelos vistos, ser uma cantora que anda nas cantorias há já uns anitos. E com êxito].
Uma diva sensualmente feminina
[a menos que o fotógrafo tenha feito... milagres],
dona de uma voz profunda, hipnoticamente grave.

ThunderbirdConheci-a através do seu último álbum
[de 2006]:
Thunderbird.
[um nome -- e uma inspiração -- roubado a um mito dos nativos americanos: um animal divino e mágico, enviado pelos deuses para os proteger dos poderes malignos].
Um disco com uma sonoridade urbana, onde a penetrante doçura vocal de Cassandra mistura um repertório variado e aberto, feito de pop, blues, folk e jazz.

Pode ouvir-se o início de todas as faixas na Amazon: aqui. Deixo, integralmente, a 5ª faixa: Red River Valley. Não por ser a mais representativa
[não é, de certeza, até porque nela se não pode ouvir a bonita e virtuosa sonoridade da harmónica de Grégoire Maret, que se ouve noutras faixas].
Trata-se, contudo, de uma conhecida canção tradicional, aqui interpretada como um diálogo entre a voz de Cassandra e a guitarra
[que me fez lembrar a sonoridade da de Ray Cooder, na banda sonora do que foi durante muito tempo o filme da minha vida: Paris, Texas].
escrito por ai.valhamedeus

RECEBIDO POR EMAIL -33. sem luz

Faz o Governo saber que, até nova ordem, tendo em consideração a actual situação das contas públicas, e como medida de contenção de despesas, a luz no fundo do túnel será desligada.

O Governo da Nação
escrito por ai.valhamedeus

03
jan
2007

PARA ONDE VÃO OS IMPOSTOS?

Façamos umas pequenas contas:

“Nos primeiros 25 dias de Dezembro, os portugueses gastaram quase mil euros por segundo, de acordo com o Diário de Notícias, com base em dados da Sociedade Interbancária de Serviços (SIBS).”

Isto dá, aproximadamente, 2.160 milhões de euros gastos em Dezembro, até ao Natal.
Para os bolsos do Estado:

- IVA: 375 milhões €

- IRC: 270 milhões € (taxa média de 15%, pressupondo uns bons 40% de fuga aos impostos por parte das empresas portuguesas)
“A Vodafone processou 181 milhões de SMS entre os dias 22 e 25 de Dezembro, um recorde histórico no número de mensagens processadas na sua rede no período natalício, que corresponde a um aumento de 39 por cento face a idêntico período do ano anterior”
Então: 181 milhões de mensagens (a 0,05 € cada, serão, mais ou menos, 9 milhões de euros) representam para o Estado português mais 3 milhões de euros de impostos (IVA e IRC – uma vez mais, e porque a Vodafone é pobrezita e pode reportar prejuízos não pagará mais que 20% de IRC).
Somando isto tudo, e depressa para não nos escandalizarmos com a miséria do nosso país, o Estado arrecadará cerca de 650 milhões de euros só por causa do Natal.

Para onde vai este dinheiro? E todo o outro arrecadado durante o resto do ano?

E ainda nos querem fazer passar por burros, com os aumentos “pornográficos” de bens essenciais, como água, luz, pão e gasolina
(sim, porque não é ainda possível deslocarmo-nos de transportes públicos, com já referi anteriormente)
ou com o aumento do salário mínimo nacional para 403€
(brutos!),
ou ainda com as anunciadas medidas na saúde
(taxas moderadoras, comparticipação de medicamentos, taxas de internamento, …).
É o que dá ter gentalha com a mania que são crescidos e importantes a governar este país!!!

Bom ano!

escrito por ai.que.me.foram.ao.bolso.outra.vez.com

NOTÍCIAS DO REINO... DAS LIBERDADES

Lendo a revista Exame Informática de Dezembro passado, ficamos a saber que:

  1. A secreta americana foi à escola: "em Outubro, dois senhores da secreta americana deixaram de ser secretos para uma turma inteira, quando interromperam uma aula para interrogar uma jovem de 14 anos que criou um site anti-guerra do Iraque onde exorta ao apunhalamento de Bush. Depois de algum choro e das averiguações da capacidade da jovem para cumprir a ameaça, os senhores voltaram aos secretos desígnios. Não se sabe se estes senhores vêem muitos filmes ou se estão decididos a interromper todas as aulas onde estudam jovens que criam sites com bravatas anti-bush. Desconhece-se mesmo se foi a primeira vez que entraram numa escola".

  2. "Se há um tema em destaque nos Estados Unidos é o que chamamos da neutralidade da rede. Talvez seja um debate estúpido em outros países. Torna-se difícil de acreditar na maneira como algumas empresas são autorizadas a operar nos Estados Unidos".

    O autor deste texto, John C. Dvorak, analisa nele a evolução da Internet nos USA, constatando que os operadores de telecomunicações e de TV por cabo estão a sabotar o VOIP e a IPTV (a TV transmitida pela Internet). As empresas da TV por cabo "entraram no negócio da Internet para assegurar que a IPTV nunca vai ser um facto concretizado" e as companhias telefónicas querem "bloquear a possiblidade de fazer ligações telefónicas sem passar por elas, como é o caso do Skype".

    E então? John conclui que "para defender a neutralidade da rede, a infra-estrutura de comunicações deveria ficar com o governo e não com a indústria privada. Frequentemente, as empresas agem em desacordo com o bem público. A única hipótese de ter sistemas de comunicação como os da Coreia -- com a alta velocidade a preço baixo -- é se o governo fizer isso acontecer, algo que é raro".

    Não serão estas as lições que deveríamos colher da experiência americana?
escrito por ai.valhamedeus

02
jan
2007

A QUESTÃO DO ABORTO

Comentando aqui um texto em que o Carlos Lopes se manifesta contra a pena de morte, "Zé do Almargem" escreve que há uma contradição entre essa recusa e a nossa

[do Carlos e minha. Não conheço a posição dos restantes colaboradores do aijesus]
defesa da despenalização do aborto. Estou convencido de que não há nenhuma contradição. Direi porquê sumariamente:
  1. Também sou contra a pena de morte. Por várias razões. A razão que aqui interessa é esta: creio que nenhum ser humano tem o direito de tirar a vida a outro ser humano.

  2. A questão do aborto está neste ponto: se admitisse que o ser
    [vivo, com certeza]
    que "é abortado" é um ser humano, eu seria contra (a despenalização d)o aborto. Considerá-lo-ia crime, em quaisquer circunstâncias
    [mesmo em casos de violação. Mesmo em casos de mal-formação. Em qualquer caso, porque em qualquer caso se trataria de tirar a vida a um ser humano].
    É necessário, portanto, responder a duas questões:
    a) qual(s) a(s) característica(s) que são especificamente humana(s);
    b) em que momento do desenvolvimento do "feto" elas aparecem; quando é que o feto passa a ser uma pessoa.

  3. Dito de outro modo: o que está em questão no aborto não é a vida, como os defensores do não ambiguamente afirmam
    [por exemplo, mostram vídeos em que "fetos" com x semanas reagem a estímulos... o que só prova que são seres vivos: todos os seres vivos respondem a estímulos].
    Nós matamos seres vivos
    [até para os comer, como é o caso dos animais de que nos alimentamos].
    O que está em questão é a pessoa humana. E determinar quando é que ela começa.

  4. Trata-se, evidentemente, de um domínio complexo, onde as dúvidas são muitas e as certezas, nulas. Assim sendo, defendo que se deve deixar à consciência da mulher grávida a possibilidade de decidir. Na opção entre tantas dúvidas e questões
    [para as quais se não perspectivam respostas com alguma certeza],
    por um lado, e a imposição de um filho não desejado, por outro -- não hesito: votarei SIM.

  5. Há um texto de Carl Sagan que analisa
    [admiravelmente, digo eu]
    os argumentos das duas posições acerca do aborto e, mais do que dar certezas, levanta dúvidas. Encontra-se aqui.
escrito por ai.valhamedeus

01
jan
2007

DIZCIONÁRIO [38 privilégios]

Termina assim

[negrito meu]
uma síntese do ano que findou há horas, na pena de Vasco Pulido Valente:
Em Portugal, 2006 não trouxe surpresas. Cavaco marchou para Belém. Sócrates, reduziu o défice, obrigando os portugueses a pagar mais, como lhes compete, e a ganhar menos, como sempre sucede. Dizem que se chama a isto "combater privilégios". De resto, Stanley Ho inaugurou um casino em Lisboa e Joe Berardo, esse filantropo, vendeu ao Estado uma colecção de pintura por 316 milhões de euros.

Para maior glória dos valores do Ocidente, a despedida de 2006 foi uma reportagem de oito horas na CNN sobre a execução de Saddam Hussein.
escrito por ai.valhamedeus

SADDAM OUTRA VEZ

Já manifestei aqui a minha repulsa pela pena de morte. A mesma por enforcamento só manifesta o carácter medieval dos Senhores do Iraque.

Saddam era um assassino, um bandido cruel e sem escrúpulos. Segundo relatos de há uns anos, se um ministro não concordava com ele, chamava-o a uma sala ao lado, ouvia-se um tiro... e Saddam regressava sozinho. Era um bandido da pior espécie. Lunático e esquizofrénico, era capaz das maiores atrocidades. Agia sem qualquer respeito pela vida humana, não respeitava quaisquer regras, era frio e desumano. Enriqueceu roubando ao povo irquiano a riqueza do seu subsolo, o petróleo. Reinou sobre a grande maioria da sua população, os xiitas. Reprimiu, executou sem dó nem piedade. Mandou executar os genros, esmagou quem se lhe opunha. Um pulha da pior espécie.

Na calma do seu gabinete, o primeiro-ministro do Iraque Nouri al-Maliki, assinou, a tinta vermelha, a ordem de execução, por enforcamento, de Saddam. Frio e, com certeza, com muito prazer. Sem se aperceber de que agia ainda mais friamente que o lunático Saddam que era um doente, um sacana da pior espécie. E Nouri al-Maliki? E Bush, responsável por mais de meio milhão de mortos no Iraque, pelos presos, sem defesa, de Guatánamo?

Seriá hipocrisia da minha parte defender que tais senhores deveriam ser enforcados. Mas, pelo menos, julgados, sem dúvida.

PS – Vi, com satisfação, Maria Filomena Mónica dizer-se arrependida de ter apoiado a invasão do Iraque. Bem me parecia que devia ter simpatia pela senhora.

escrito por Carlos M. E. Lopes

PELO SIM

Somos Pró-vida.
Mas vida com amor.
Com dignidade.
Por isso votamos SIM.
escrito por ai.valhamedeus