Acaba de acabar mais um debate sobre Educação, no Parlamento. Fiz o gigantesco exercício masoquista de ficar a ouvir
[as respostas da]ministra da educação até ao fim, na esperança de que a criatura tivesse mudado qualquer coisinha. Foi o que supusera: ausência completa de debate. A ministra e o grupo parlamentar do pê-èsse
[provocou-me vómitos a sua última intervenção, a cargo de uma deputada qualquer, de que não recordo o nome]insistiram em
- um discurso completamente atingido pela conhecidíssima falácia: o PC não tem razão porque é o PC; o PSD e o CDS não têm razão porque há uns anos foram os responsáveis por um concurso de professores desastrado...
- reduzir o "debate" a um ataque aos partidos representados na Assembleia da República, ignorando que o principal problema não está em a oposição estar toda contra, está em a esmagadora maioria dos intervenientes na escola estar contra, ao contrário do que a ministra apregoou, exemplificadamente quando repetidamente apregoou que as escolas estavam a trabalhar na avaliação dos professores.
[como o combate ao abandono, a melhoria das aprendizagens, o reforço da autoridade dos professores]com os quais pretende justificar as suas medidas e práticas, que nada têm que ver com tais princípios. Chama-me isto à memória as telenovelas mexicanas dobradas para português, em que o mover dos lábios dos personagens estava completamente dessincronizado do som que se ouvia na tradução. Este é um governo dessincronizado. Esta foi uma sessão abaixo de medíocre.
escrito por ai.valhamedeus
9 comentário(s). Ler/reagir:
Na semana passada, no Prós e Contras sobre a república e monarquismo, ambas as partes defendiam o amor pela pátria e pelo passado dela.
O que há para amar, do país, não será certamente o presente. Do futuro, é triste, mas também não espero grande coisa.
Lutarei para me ser possível esperar algo de mim.
Abraço.
Não fico surpreendido com o baixo nível para a solução, capacidade de dialogar com os representantes dos profissionais, etc.
Mas não basta à oposição que deve ser suspenso o processo ou alterado, deve sim apresentar propostas alternativas e calaras ou seja como faria a oposição se estivessem a governar.
Ó Jacinto,
valha-te deus, home! O problema não está na falta de propostas alternativas. Os sindicatos apresentaram-nas. E o próprio PSD (que, como se sabe, tem projectos não mais interessantes que os deste governo) fez um desafio muito concreto à ministra, nestes termos: anuncie que suspende o processo de avaliação, para discussão e nós (o PSD) apresentaremos amanhã o nosso projecto alternativo. É aqui que está o problema, Jacinto (tu às vezes...)!
Dessincronizado e anacrónico!!!
Abraço
MF
Aijesus...andas a ver muitas novelas mexicanas...esse o teu problema.
A aventesma está cada vez pior.
abraço.
Realmente, Jacinto!
Não havia necessidade...
Então a dona Lurdes merece algum tipo de desculpa, ainda que, por hipótese remota, não existissem outras propostas?
Claro que não. Todo o pacote legislativo imposto, por estes despeitados socretinos, ao sector da educação, é muito mau, em si mesmo, independentemente de existirem ou não alternativas e é claro que as há. O papel que esta ministra representou hoje no parlamento seria cómico, se não fosse trágico. Uma pobreza confrangedora; uma ausência sistemática de um qualquer argumento; uma cassete sempre monocordicamente virada para a estafado abandono escolar e para o não menos estafado insucesso. É preciso continuar a denúncia de uma avaliação que fere a constitucionalidade, que viola o articulado do CPA; que levanta pertinentes questões ligadas ao conflito de interesses: Como pode a avaliação dos alunos reflectir-se na minha avaliação, se eu sou parte interessada nisso? Como pode um professor avaliar outro se esse outro é seu opositor para a mesma nota e para a mesma quota? Quanto mais não fosse, e há muito mais, bastaria o que basta para guilhotinar este modelo. Vamos continuar a dar-lhe aperto até ele confessar que, além de inútil (já que a ministra não confessa) é profundamente desestabilizador do clima de harmonia a que a escola tem direito para cumprir a sua missão.
Já alguém se imaginou numa escola - que a breve trecho pode ser a nossa - com três tipos de professores:
- os probatórios;
- os professores e
- os titulares;
sendo que, os dois últimos vão andar por aí com o carimbo de insuficiente, suficiente, bom, muito bom e excelente.
Para além do gáudio que tudo isto vai (se for) provocar, vão suceder-se as constatações dos funcionários: "Coitaditos, nesta turma há dois probatórios, três professores e um titular. Olha o titular (só) foi avaliado de “suficiente”. Já viste, não têm nenhum excelente!"
Os pais, quando se aperceberem vão fazer fila para acertar contas com o director (livra!): "-Então, com é que é, não tinha outros professores para a turma dos nossos filhos?"
O resto fica para a imaginação de cada um. Pode ser esta, sem caricatura, se nós deixarmos (e os pais também), a escola da d. Lurdes. Querem uma escoa assim? A escola pública fica melhor?
Nem me apetece responder.
Finalmente uma boa notícia.
Como lembrança de aniversário, a Miluzinha já recebeu, antecipadamente, a prendinha que a há-de ter deixado muito contente e feliz. Um dos Conselhos executivos que implementam as “boas práticas” caiu, com estrondo, em Leiria. A socretina da directora, e imaginosa autora do descritor verbalizante, continua em funções. Aqui está um bom exemplo a seguir pelo CE de Seia [e alguns outros, como o de Amarante], deixando um tal Fernando Horta, agarrado às fichas da avaliação que fez questão de mostrar à comunicação social. Exemplos como os de Leiria ajudariam a reposicionar a ministra [que não recua] e do outro que reconhece ser impositivo. A eles fazia-lhes bem à saúde; a nós, a tudo.
Cai conselho com avaliação polémica
A Assembleia do Agrupamento de Escolas Correia Mateus, Leiria, ratificou anteontem a demissão de dois vice-presidentes do Conselho Executivo, fazendo cair o órgão de gestão do estabelecimento de ensino, depois da polémica sobre uma grelha de avaliação de docentes.
A ratificação foi confirmada à agência Lusa por uma fonte deste agrupamento de escolas, apna sequência da demissão destes docentes, apresentada na semana passada, pelo que, do Conselho Executivo eleito, demitiram-se já os três vice-presidentes, gerando falta de quórum.
Dos quatro elementos do Conselho Executivo, apenas a presidente, Esperança Barcelos, permanece em funções, pelo que deverá ser eleito um novo órgão ou nomeada uma comissão de gestão pela Direcção Regional de Educação. De acordo com um dos docentes do agrupamento de escolas, esta decisão resulta da "quebra de confiança" que o processo de avaliação dos professores gerou no seio do Conselho Executivo.
"JN", 19 de Março de 2008
Será que a Milú, no dia do seu aniversário, resolveu oferecer uma prenda especial à maioria dos profs?
Enigma...
Pois, é claro que eu há muito me deveria ter inscrito no PCP. Parece ser o único partido inteligente neste país!... Que bom trabalho prestado pelo Ministério a este partido. Como no tempo da outra senhora!
Gabriela
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