Há uma moda agora pelos Algarves que é a dos novos convertidos, ou cristãos-novos
(noutro sentido que não o primitivo).
De há um tempo a esta parte vêem-se novos participantes em procissões e cerimónias religiosas: os construtores civis e políticos.
À falta de outras manifestações sociais onde possam mostrar a sua importância e poder, os políticos e os construtores civis jogaram mão de uma instituição em decadência, a Igreja, e formaram uma Santa Aliança. Amparam-se e tiram dividendos de tal aliança. À Igreja e aos católicos nunca interessaram, verdade seja dita, as palavras da Bíblia. De resto a Igreja Católica
À falta de outras manifestações sociais onde possam mostrar a sua importância e poder, os políticos e os construtores civis jogaram mão de uma instituição em decadência, a Igreja, e formaram uma Santa Aliança. Amparam-se e tiram dividendos de tal aliança. À Igreja e aos católicos nunca interessaram, verdade seja dita, as palavras da Bíblia. De resto a Igreja Católica (assim, em maiúsculas)sempre se mostrou avessa às escrituras. Ora isso calha às mil maravilhas aos políticos e aos construtores, como analfabetos funcionais que são. Para as dezenas de religiosos existentes na Madeira no sec. XIX havia duas bíblias. Duas bíblias a mais, de certo. Tirando algum padre, nunca vi um católico com uma Bíblia na mão. Não é preciso. A religião sente-se, não se aprende.
Esta participação activa e devota dos políticos e construtores como se faz sentir? Fácil. Participam nas procissões nos seus cavalos
(como se sabe, tradição marialva “típica” do Algarve),meio mais do que idóneo para pôr o povoléu à distância. Cavalos com pedigree, celas portuguesas, lições de alta escola tiradas em Alter. Tudo a preceito. E fala-se de cavalos, pois então. Nos intervalos, umas cruzes sobre o peito, muito devotas.
O atraso português muito se deve à Igreja, como se sabe. Mais em Portugal do que em outros lugares. O declínio evidente da religião católica em Portugal, não sendo por si só uma garantia de que iremos melhorar, era, contudo, uma esperança, pensava eu.
escrito por Carlos M. E. Lopes



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Pelos vistos e pela profundo conhecimento demonstarado também tu andas agarrado ao pau do andor.
Fazes bem que os tachos, fora da tribo rosa, estão muito escassos.
Samacaio deu à costa,
deu à costa e naufragou
Ai naufragou, numa praia sotaventina brejeira
Eu já vi, eu já vi o samacaio
O samacaio no mar alto a navegar
Agora atracou e só gosta de brincadeira
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