Para não esquecer...

DO CONTRA [56] o padre e as mulheres

O Do contra de hoje não é do contra: é um texto rapinado de um jornal paroquial, cujo director é o próprio pároco -- garantia de nihil obstat: garantia aumentada pela sensação de que o autor do mesmo
[um tal N.M.]
ou é clérigo ou sabe muito de assuntos clericais. Tudo somado resulta num belíssimo texto
[publicado na secção Annus Sacerdotalis]
ilustrativo da imagem da mulher que habita as mentes dos altíssimos habitantes dos vaticanos. Da minha autoria são apenas os negritos, com que destaquei os nacos de prosa que me parecem mais significativos
[o clímax é aquele aviso contra a possibilidade de o padre (querer) substituir os faltosos afectos do marido].
O padre e as mulheres

Jesus e a samaritanaSe faltassem as mulheres na vida pastoral, inúmeras paróquias entrariam como que em "falência técnica", pois muitas actividades celebrativas, formativas e de bem-fazer deixariam de ter corações e mãos generosas para as levarem à prática. Com efeito, o ministério sacerdotal desenvolve-se com muita frequência entre e com a colaboração assídua e fecunda das mulheres. Nada de novo, pois acompanhavam Jesus "os Doze e algumas mulheres... e muitas outras que serviam Jesus com os seus bens"(Lc8,2-3). "
O padre tem de saber relacionar-se de maneira fraterna e justa com todos: homens e mulheres. Isto significa que sabe dar valor ao trabalho e à dedicação voluntária de homens e mulheres na vida da comunidade: acompanha cada pessoa, sabe escutar, conhece as dificuldades pessoais e familiares, sabe inteirar-se sobre situações de falta de saúde e encorajar no momento próprio com palavras de estimulo e apoio.
O relacionamento do padre com as mulheres exige prudência e clareza. É preciso estar vigilante, ajudando as mulheres com tendência para se imporem autoritariamente a transformar esta "energia" em serviço desinteressado e fecundo em prol de toda a comunidade e do seu bom funcionamento.
O relacionamento do padre com as mulheres exige sensibilidade e maturidade que só o Espírito Santo e o bom senso podem dar. Significa que o padre tudo faz para que seja o Evangelho e o próprio Jesus Cristo a exercerem fascínio e atracção. A experiência e liberdade de coração ensinam a discernir as situações ambíguas e a definir sem hesitações que a missão do padre é apontar caminhos de libertação, de crescimento, de autonomia e de ajuda na formação de pessoas dispostas a fazer frente, com realismo e capacidade de sofrer, às responsabilidades, fadigas e lutas da vida. É tempo inútil e perigoso o que se gasta simplesmente a "moer" e a "remoer" frustrações, ou a tentar substituir afectos perdidos ou não encontrados no marido, nos pais, nos irmãos, nos amigos....
Perante a possibilidade de uma relação menos clara, o padre tem de estar preparado para distinguir o bem do mal, o que convém e não convém e saber situar-se. Ele tem obrigação de distinguir entre a atracção natural que suscita uma pessoa jovem, bela, e o amor verdadeiro e genuíno para com todas as mulheres, também, e sobretudo, para quem foi percorrendo o caminho da vida e se foi "consumindo" no trabalho ou na doença.
Afinal, porque são mais as mulheres do que os homens no serviço voluntário e zeloso aos irmãos, nos diversos âmbitos da vida comunitária? N.M.
escrito por ai.valhamedeus

3 comentário(s). Ler/reagir:

Fátima Rodrigues disse...

Parabéns ao N.M. seja lá ele quem for!
Confesso não ter percebido a razão dos negritos de "Ai valha-me Deus", pois nada vejo de menos acertado...

A vivência da sexualidade, de forma realizada, por parte de um padre/religioso/religiosa não significa a sua castração física e/ou psíquica! Era só o que faltava!

Ai meu Deus disse...

Nada vês de desacertado?! Ok! tens todo o direito de concordar com uma concepção da mulher muito próxima da do Génesis: Eva, a tentadora de Adão. Tal como com os conselhos: cuidado com as atracções! cuidado com as mulheres autoritárias!

(tudo indica que os conselhos de NM deveriam respeitar às crianças, em vez das mulheres. Afinal, supõe-se que estas mulheres são adultas, tal como os padres: tão adultos quanto NM; enquanto as crianças abusadas pelos clérigos, essas...

Este continua a ser um dos capitais pecados vaticaninos: o não reconhecimento da maioridade intelectual -- e, como no caso, afectiva -- dos adultos)

Anónimo disse...

Ai valha me Deus é o meu comentario ao texto e ao 1º comentario .........andamos nós a celebrar o dia da mulher a estudar a história da história da Mulher e a história não muda quando é contada por homens como este bendito padre...ai valhe me Deus!!!
Maria Teresa