Para não esquecer...

O FIM DA POESIA

Continuando na senda dos dias e sua celebração, hoje é dia do Equinócio da Primavera, da Árvore e Dia Mundial da Poesia.
O FIM DA POESIA

Faltas tu nesta paz,
Sob este sol de Março e a alegria dos pássaros.
Faltas tu nesta paisagem desamada,
Para eu poder entrelaçar os dedos da conversa na tua mão atenta, descarnada.

Faltas tu nestes dias lindos por fora,
Mas carregados de ódio nas costuras das ruas sem vigor.
(Que não rimam com amor)

Faltas tu nas ideias solitárias
Em deambulações contrárias à mole humana
Faltas tu nesta Arca ondulante em viagem de procelas, derrapante.
Nesta Arca, onde apenas deveria haver números pares
E lugares preenchidos.
Não o vazio.

Faltas tu, mas ficou o teu lugar,
A tua marca.
E a poesia sussurra-me ao ouvido:
As metáforas morreram,
Já não são úteis os símiles de Torga.
Porque as filhas cortam o cabelo
E já não usam tranças
E as videiras há muito que estão mortas.

É esta a realidade. Acolhe-a!
Ou perderás, em vão, a tua alma.
[Gabriela Correia]

escrito por Gabriela Correia, Faro

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