[continua, daqui]
O epicentro da conversa migrou para a mesa das amigas e eu regressei à leitura.
E à escrita.
A conversa versou vários temas
(sim, não sou o Napoleão, mas, enquanto leio, consigo “apanhar” esta ou aquela palavra. O resto imagino. E elas falavam alto!)A minha palradora quis ressuscitar Salazar, incólume e angelical. As outras não deixaram: cala-te! Nesse tempo não se podia abrir a boca.
E elas gostavam de falar. Oh! Se gostavam!
A conversa derivou, a breve trecho, para a situação do marido de uma delas.
-- Já está melhor, nem vos conto o que ele me pediu… As outras insistiram.
Numa linguagem encriptada, declarou em voz mais baixa, enquanto uma delas me olhava de soslaio. Eu respondi-lhe que só se pedisse às enfermeiras. Galhofa geral. Ai, que ele está a ficar bom, disso não há dúvida!
A outra continuou, mártir: quando ele voltar para casa tenho de me trancar. E sorria um sorriso malandro. As amigas riam, deliciadas. A antecipar a cena.
Acabei por desviar a atenção por me sentir intrusa, e testemunha acidental de confidências entre amigas do peito. Passado algum tempo, saí, acompanhada pelos desejos de “boa sorte para a Mãe!”, da minha palradora. Eu tinha-lhe dito que a minha mãe faria 90 anos em Janeiro. Se Deus quiser!
E por que não há-de querer!
[Faro, Outubro de 2011]
P.S. Como sabeis, quis.
[Faro, 12 de Fev. de 2012]
escrito por Gabriela Correia, Faro
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