Para não esquecer...

hoje é sábado 172. DIZ-ME, ANTÓNIO

Que sangue alimenta esta árvore
A sombra desta árvore a que se colhe
A dor a resignação dos humanos

Que teia de raízes minuciosas
Se concentra no formigeiro de ventos e marés
Da grande solidão mineral

Que seiva ilumina os velhos troncos
Onde em silêncio os ossos encostamos
E o sal da morte interrogamos

De que morte falamos como se ela
Fosse da vida uma fuga um abrigo
No meio da noite seca e sem destino

Diz-me António digam-me palavras
Que sangue habita nestas árvores
Que paciência vegetal nos alimenta?
[António Ramos Rosa/Casimiro de Brito]

escrito por Carlos M. E. Lopes

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