Para não esquecer...

EX-CITAÇÕES * 145. os erros da troika


... Este país, que não é para novos nem para velhos diz, de certo, muito pouco aos que sonharam com um Estado que abandonaria a cauda da Europa e saberia afirmar a sua modernidade… A percepção dos “dez erros que abalaram Portugal”, como prefiro dizer, resulta patente mais do que das afirmações do autor de “Os Dez Erros da Troika em Portugal”, das sucessivas demonstrações de incompetência, irresponsabilidade, má fé e enviesamento ideológico, que investigou com um rigor inultrapassável…. 
…Os erros da Troika explicam o país que hoje somos, e como foi possível extrair aos particulares mais de 27 mil milhões de euros para reduzir o défice em nove milhões…. 
… Do meu ponto de vista, não há qualquer razão para inocentar ou perdoar aos homens de fato cinzento que por cá passaram, com uma arrogância e incompetência quase inultrapassáveis, e que, fechado este dossier, partirão para outra operação, quais verdadeiros pistoleiros contratados, dos velhos westerns, gozando das benesses que recusam aos outros, e aguardando reformas douradas e isentas de impostos, sem um minuto de pensamento para os reformados condenados à miséria. Mas não nos podemos esquecer dos mandantes do crime, e de que portugueses há que se vangloriam de ter sido autores e inspiradores da troika, e que o Governo português proclamou, ufano, que iria para além do imposto pelo exterior. … 
…Se não estivesse hoje convencido de que, como sustenta Ulrich Beck, tudo isto fez parte de uma estratégia merkeliana de tomada de poder, pensaria que a Europa era estúpida e partidária de comportamentos auto-lesivos, como escrevi há mais de um ano…. 
…Com o sentido injurioso de quem considera que não está num estado independente -- e que até é um dos mais antigos da Europa -- a troika e os seus mandantes atacaram em termos inaceitáveis um órgão de soberania português -- o Tribunal Constitucional. Nada, no entanto, que se compare com aquilo que os dirigentes políticos portugueses fizeram e que nos levaram para muito próximo da Hungria e da vergonhosa supressão da independência do poder judicial. …
[Eduardo Paz Ferreira, professor catedrático da Universidade de Direito de Lisboa]

escrito por Gabriela Correia, Faro

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