Para não esquecer...

ILUSTRAÇÕES... DE UM OUTRO SENTIR * 42

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O QUE É PERFEITO NÃO PRECISA DE NADA
Sim, talvez tenham razão. 
Talvez em cada coisa uma coisa oculta more, 
Mas essa coisa oculta é a mesma 
Que a coisa sem ser oculta. 
 Na planta, na árvore, na flor 
(Em tudo que vive sem fala 
E é uma consciência e não o com que se faz uma consciência), 
No bosque que não é árvores mas bosque, 
Total das árvores sem soma, 
Mora uma ninfa, a vida exterior por dentro 
Que lhes dá a vida; 
Que floresce com o florescer deles 
E é verde no seu verdor.  
No animal e no homem entra. 
Vive por fora por dentro 
É um já dentro por fora, 
Dizem os filósofos que isto é a alma 
Mas não é a alma: é o próprio animal ou homem 
Da maneira como existe.  
E penso que talvez haja entes 
Em que as duas coisas coincidam 
E tenham o mesmo tamanho.  
E que estes entes serão os deuses, 
Que existem porque assim é que completamente se existe, 
Que não morrem porque são iguais a si mesmos, 
Que podem mentir porque não têm divisão [?] 
Entre quem são e quem são, 
E talvez não nos amem, nem nos queiram, nem nos apareçam 
Porque o que é perfeito não precisa de nada.
[Alberto Caeiro, in Poemas Inconjuntos]

foto, de ai.valhamedeus; escolha do poema, de Ana Paula Menezes.

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