Para não esquecer...

A VIDA OCULTA DAS COISAS


Cláudia Cruz Santos é uma jurista, professora na Universidade de Coimbra. Escreve ficção. E escreveu este livro. Límpido, arrumado, rigoroso e que são três em um.

O primeiro (chamemos-lhe assim) conta a história de uma jovem que adere ao fundamentalismo islâmico. A história nada tem de original e a forma de contá-la é banal, mas sem erros de facto e conceituais
(eu aderi ao AO).
Depois, a história de Carolina, uma mulher insinuante, conquistadora que vive de esquemas, caçadora de homens casados a quem chantageia, para ganhar uns cobres.

Por fim, a vida de Alma e prostitutas de bares noturnos, com varão, exploradas até à medula por uma organização de tráfico de mulheres.

Das três, a que a autora desenvolve mais é a terceira. A ligá-las, Viriato, um engenheiro informático.

A autora começa mal. Na minha opinião. A primeira história é um pouco lamechas, sem profundidade, mais parecendo um simples enumerar de comportamentos típicos de quem adere a estes movimentos. Estive para abandonar o livro.

A figura de Carolina já foi bem construída, interessante, sedutora e perigosa. Podia valer uma história por inteiro
(não percebo por que a autora identifica a origem, Luso, da rapariga…).
A vida noturna de Alma e companheiras, o tráfico de pessoas da Roménia, Senegal, Brasil, o tráfico de drogas, as dependências, o controlo, o poder dos “empresários da noite” já me pareceu mais bem esgalhada e a justificar os 16,60 € que esportulei pelo livro.

De qualquer forma, a ler.

escrito por Carlos M. E. Lopes

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