Não te fies do tempo nem da eternidade[Cecília Meireles. Flores e Canções, Confraria dos Amigos do Livro, Rio de Janeiro, 1979, pág. 46]
Que as nuvens me puxam pelos vestidos,
Quer os ventos me arrastam contra o meu desejo!
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
Que amanhã morro e não te vejo!
Não demores tão longe, em lugar tão secreto,
Nácar de silêncio que o mar comprime,
Ó lábio, limite do instante absoluto!
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
Que amanhã morro e não te escuto!
Aparece-me agora, que ainda reconheço
A anêmona aberta na tua face
E em redor dos muros o vento inimigo…
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
Que amanhã morro e não te digo…
escrito por Carlos M. E. Lopes
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