Para não esquecer...

A VIDA POLÍTICA E OS CHEGA

Muita gente tem manifestado grande apreensão pelo apoio parlamentar que o PSD vai receber do Chega para viabilizar o governo nos Açores. Diz-se que o PSD vai sair prejudicado com tal apoio e que nunca deveria dar cobertura a um partido como o Chega.

Salvo melhor opinião, não concordo. Pelo contrário, acho que o Chega sai prejudicado com este apoio. E isto porque…

O Chega é um partido que se pode considerar de pessoas de direita, semianalfabetas, que saltam a duas ou três ideias elementares como se tivessem descoberto a pólvora. A net e as redes sociais permitem a tais indivíduos ombrearem com qualquer especialista. Já li uma opinião, cautelosa, aventar a hipótese de uma morte ocorrida no Hospital, no decurso de uma greve, consubstanciar um homicídio por omissão. A opinião era cautelosa, com muitos se… Pois um qualquer cidadão, com vacinas em dia e tudo, apelidou logo de ignorante o autor de tal dislate. Que era somente de um Professor Catedrático de Direito…

Chegado aqui, qual o motivo por que considero o apoio do Chega a um governo do PSD nos Açores mau para esse partido? Porque o partido, sendo antissistema, vai fazer parte do sistema que quer combater. Perde a inocência, a candura, a virgindade. Esse apoio irá originar, estou convicto disso, ruturas no partido, refundação com a fidelização aos seus princípios. Um apoio político tem sempre custos. O governo que sairá desse apoio não será o governo do Chega, nem irá aplicar medidas do Chega. É uma inutilidade para o Chega.

Que os Chega, os Bolsonaro, Trump, Vox, Front National e tantos outros na Polónia, Hungria, Filipinas, representam os desiludidos com a política e a sociedade que criamos, não haverá dúvida. E que há alguma ingenuidade em muitos desses apoiantes, também estou certo disso. Mas que há ideias perigosas, pois parece que também não há dúvida. A história parece que, de facto, não nos ensina nada.

O manifesto publicado no Público na terça-feira por dezenas de figuras da direita portuguesa parece ser uma tentativa de clarificar águas e fazer crer que há uma direita civilizada, outra forma de fazer política e não esta amálgama e deriva. “Uma deriva nacionalista identitária, tribal”. Eu creio que essa direita existe e alguns dos subscritores não me deixam dúvidas. Mas não é o Chega, cheio de boçais e dirigido pelo humanoide peludo, que a representa. Quanto ao CDS, com o seu Chicão, seria melhor dissolver-se, a bem da mesologia.

escrito por Carlos M. E. Lopes



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