Era Melhor Falarmos Sobre Isto
Penso que era melhor falarmos sobre isto
Talvez quando estivermos ambos sóbrios
Percebas que sou apenas um homem
A fazer o melhor que sei
Esta situação só pode ficar mais difícil
Porque havemos de sofrer sem necessidade?
Acabamos por hoje, vamos seguir os nossos próprios caminhos diversos
Antes que nos degrademos
Não tens de ter medo de estudar o meu rosto
Nada fizemos uma ao outro que o tempo não apague
Sinto-me deslocado, tenho um mau pressentimento
Foste falsa, tens feito jogo duplo
Arrisquei, fui apanhado pelo arrebatamento
Duma dança em declive
Oh, criança, porque queres magoar-me?
Estou exilado, não podes converter-me
Estou perdido na bruma dos teus modos delicados
Com ambos os olhos vidrados
Não tens de ansiar pelo amor, não tens de ficar sozinha
Algures neste universo existe um lugar a que podes chamar lar
Acho que partirei amanhã
Se tiver de implorar, roubar ou pedir emprestado
Seria estupendo cruzarmo-nos daqui a pouco
Olharmos um para o outro e rir-nos
Mas não creio que seja provável que aconteça
Como o som de uma mão a dar palmada
As promessas que fizemos estão agora quebradas e varridas
Para debaixo da cama onde dormimos
Não penses em mim nem fantasies sobre o que nunca tivemos
Fica grata pelo que partilhámos e alegar-te
Porque havíamos de continuar a observar-nos um ao outro por um telescópio?
No fim de contas vamos enforcar-nos nesta corda emaranhada
Oh, miúda, é tempo de uma nova transição
Quem me dera ser mágico
Com uma varinha de condão reataria a ligação
Que nós ambos iludimos
[Dylan, Bob. Canções, Volume 2 (1974-2001)*, Relógio D´Àgua, Lisboa, 2008, pp. 153 e 155]
* A capa ostenta (1974-2001), mas, na ficha técnica, do título original, 1962-2001.
escrito por Carlos M. E. Lopes
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