Morreste-me
morreste-me
e eu improviso uma substituição de ti
chamo um nome parecido ao teu
como se fosse o som delirante da nossa intimidade
um portão aberto à tua ausência
morreste-me
e eu invento uma nova forma
De olhar aquilo que tu já não vês
uma miragem
Uma secura dos olhos
piso a terra do jardim onde te enterrei
terra fértil
os vermes a construírem mapas de ti
as ervas daninhas da sobrevivência
acalmam o pó do meu sofrimento
mas morreste-me
e os malditos vermes devoram as palavras perdidas
nos pequenos caminhos da carne
[César, Adília. o que se ergue do fogo, Lua de Marfim, Póvoa de Santa Iria, 2016, p. 20]
escrito por Carlos M. E. Lopes
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